Como Tudo Começou
Em 1935, dois homens — um corretor da bolsa de Nova Iorque e um médico do Ohio — encontraram-se pela primeira vez. Ambos eram alcoólicos, e ambos tinham tentado muitas vezes parar de beber sem sucesso. Mas ao partilharem as suas histórias e fragilidades, algo mudou. O que nenhum conseguia fazer sozinho, conseguiram juntos.
Nascia ali o que viria a ser conhecido como Alcoólicos Anónimos (AA): um programa baseado em dois princípios simples — partilha entre iguais e mudança interior — que viria a transformar a vida de milhões em todo o mundo. AA cresceu, espalhou-se por dezenas de países e provou algo revolucionário: a adição não precisa de ser uma sentença de morte. Pode ser o começo de uma vida nova.
Inspirados nessa mesma estrutura, em 1982, nasceu Cocaína Anónimos — para acolher quem luta com o consumo de cocaína, crack e outras substâncias. O programa é o mesmo: os 12 Passos. Mas a porta está aberta a todos os que desejam parar de consumir drogas, independentemente da substância.
Décadas depois, a razão pela qual continuamos a existir é simples: funciona.
Não prometemos soluções fáceis. Mas prometemos que não vais ter de fazer isto sozinho.
Jorge 85 anos
Cocaína Anónimos
É uma Irmandade de homens e mulheres que partilham entre eles a sua experiência, força e esperança, para que possam resolver o seu problema comum e ajudar outros a recuperar da adição.
Os Doze Passos de C.A. não são para uma droga específica e Cocaína Anónimos não é uma irmandade de uma droga específica, não nos interessa se bebias ou que tipo de drogas usavas, se tens o desejo de parar és bem-vindo aqui!
“Descobrimos que precisamos uns dos outros para sobreviver. Sozinhos, afundamo-nos.”
–Bill Wilson, cofundador de AA“O programa funciona para qualquer pessoa que deseje sinceramente parar de consumir. A única condição é o desejo.”
– Membro pioneiro de Cocaína Anónimos
Já usaste estas desculpas?
Eu só uso aos fins-de-semana
Quase nunca interfere com o trabalho
Eu posso parar, é so uma adição psicológica, certo?
Eu só cheiro, eu não faço base ou injeto
É esta relação que está a mexer comigo
Reuniões Presencias Todos os Sábados em Ribamar às 19h
📞 +351 936 658 862
Primeiro sábado de cada mês a reunião é aberta para todas as pessoas.
As nossas partilhas
Estamos aqui e Somos Livres.
Somos aditos em recuperação. Já caímos vezes sem conta, mas outras tantas nos levantámos. Foi um caminho longo até aqui, e foi o método dos 12 Passos que nos devolveu a liberdade de viver — de enfrentar os desafios, de voltar a sorrir com a família, de recuperar amigos e de, finalmente, reconstruir a nossa vida.
Fred, 42 anos
Jorge, 54 anos
Artur, 47 anos
Pedro, 51 anos
Luis
Ivone
Pedro M
Testemunhos
Mel Gibson
Mel Gibson também lutou durante muitos anos contra a adição, principalmente ao álcool, e chegou a admitir que a bebida o levou a comportamentos autodestrutivos e a episódios muito controversos da sua vida.
O ponto mais mediático foi em 2006, quando foi detido por condução sob o efeito do álcool e fez declarações antissemitas durante a prisão, o que manchou gravemente a sua carreira. Posteriormente, ele reconheceu publicamente o problema e procurou tratamento.
“O álcool arruinou tudo o que era bom na minha vida. Tornou-me uma pessoa que eu próprio detestava. Foi um longo e doloroso caminho para perceber que precisava de ajuda.”
Gabor Maté
Gabor Maté, médico húngaro-canadiano, é hoje uma das vozes mais influentes no entendimento da adição, da saúde mental e da ligação entre trauma e doença. Ao longo da sua carreira, trabalhou com populações altamente vulneráveis em Vancouver, incluindo pessoas em situação de rua e com dependências severas. É autor de vários livros fundamentais, como “In the Realm of Hungry Ghosts”, “When the Body Says No” e “The Myth of Normal”.
Apesar da autoridade no tema, Maté já partilhou abertamente a sua própria luta com a adição — não às substâncias, mas ao comportamento compulsivo. Durante anos, foi viciado em comprar música clássica, chegando a colocar em risco a vida profissional e familiar.
“Enquanto escrevia e falava sobre adição, estava viciado em comprar CDs. Saía do consultório e deixava os meus pacientes à espera para correr atrás da próxima compra. Estava completamente dominado.”
Para Maté, a adição não é sobre substâncias, mas sobre dor emocional. O seu trabalho defende que toda adição nasce de um trauma — e que a compaixão, e não a punição, é o caminho para a cura.
“O oposto de vício não é sobriedade. É conexão.”
Elton John
Elton John, um dos artistas mais influentes da história da música, viveu décadas marcado por sucessos nos palcos e excessos fora deles. Durante os anos 70 e 80, mergulhou num ciclo intenso de álcool, cocaína, marijuana e comportamentos compulsivos, incluindo distúrbios alimentares e compras obsessivas.
“Passei anos a dizer a mim próprio que tinha tudo sob controlo. Mas a verdade é que estava a morrer lentamente e nem sequer me importava.”
Apesar da fama e fortuna, sentia-se profundamente sozinho e vazio. A adição quase o destruiu — física, emocional e espiritualmente. Em 1990, depois de um colapso emocional e de reconhecer que já não conseguia viver daquele modo, procurou ajuda e iniciou o processo de recuperação.
“Estava a viver uma mentira. Chegava a cheirar cocaína e depois dar entrevistas a falar de caridade.”
Desde então, Elton mantém-se sóbrio e tornou-se um defensor vocal da recuperação e da saúde mental.
“Se não tivesse pedido ajuda, estaria morto. A sobriedade deu-me uma nova vida — e eu amo esta vida.”
Duff McKagan
Duff McKagan, o baixista dos Guns N’ Roses, tem uma história muito intensa com a adição, principalmente ao álcool e drogas como cocaína e heroína. Durante os anos 80 e 90, esteve profundamente envolvido no estilo de vida excessivo associado ao rock, chegando a um ponto crítico em que a sua vida esteve seriamente em risco.
Em 1994, com apenas 30 anos, o seu pâncreas entrou em falência devido ao consumo extremo de álcool — uma condição conhecida como pancreatite aguda. Na altura, os médicos disseram-lhe que, se continuasse a beber, teria apenas mais algumas semanas de vida.
“Cheguei a beber quase 4 litros de vodka por dia. Achava que era invencível, mas o meu corpo simplesmente colapsou.”
Filipe Camargo
O ator brasileiro Felipe Camargo também teve um histórico de luta contra a adição, principalmente ao álcool.
Durante os anos 1990, a sua carreira foi marcada por um grande sucesso, mas também por polémicas relacionadas com o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Esse comportamento teve impacto tanto na sua vida profissional quanto pessoal, inclusive no seu relacionamento com a atriz Vera Fischer, com quem teve um relacionamento bastante mediático e conturbado.
“Só quando percebi o que estava a perder — família, trabalho, saúde — é que decidi procurar ajuda.”
“Eu bebia para tentar aliviar o stress, a pressão. Mas, no fim, a bebida trazia mais problemas do que soluções.”
Nando Reis
Nando Reis, ex-baixista dos Titãs e consagrado cantor e compositor brasileiro, sempre foi conhecido por sua sensibilidade artística e suas letras intensas. Mas por trás da criatividade, viveu uma longa luta contra as drogas e o álcool, que marcaram profundamente sua trajetória.
Durante muitos anos, Nando usou substâncias como maconha, cocaína e álcool de forma abusiva, chegando a considerar-se dependente. A adição afetou relações pessoais, profissionais e sua própria saúde mental.
Foi apenas em 2014 que decidiu parar completamente. Segundo o próprio, foi um processo difícil, mas essencial para retomar o controle da vida.
“Eu achava que só conseguiria compor se estivesse chapado. Era mentira. Descobri que a lucidez também é criativa.”
Desde então, mantém-se sóbrio, fala abertamente sobre sua recuperação e reconhece o quanto a sobriedade fortaleceu sua arte e suas relações.
“Ficar limpo não me fez perder nada. Pelo contrário, me devolveu tudo o que eu já tinha perdido.”
Philip Seymour Hoffman
Um dos mais aclamados atores da sua geração, teve uma longa e trágica luta contra a adição.
“O que as pessoas não percebem é que a adição não desaparece só porque a tua vida parece estar a correr bem. É uma luta diária.”
“Na altura em que me afastei das drogas pela primeira vez, percebi que era uma batalha para a vida inteira. E quando voltei a usar, percebi como é fácil perder tudo em questão de dias.”
“Começou com um copo de vinho, e em pouco tempo estava de volta ao lugar onde jurei que nunca mais estaria.”
Philip Seymour Hoffman faleceu em 2 de fevereiro de 2014, com apenas 46 anos de idade.
A sua morte foi causada por uma overdose acidental de uma combinação de substâncias, incluindo heroína, cocaína, benzodiazepinas e anfetaminas. Ele foi encontrado no seu apartamento em Nova Iorque, com uma seringa ainda no braço, o que evidenciou a gravidade da recaída que enfrentava nos últimos anos.
Machine Gun Kelly
Machine Gun Kelly (MGK), nome artístico de Colson Baker, é um músico e ator norte-americano nascido em 1990. Iniciou a carreira no rap, mas ganhou ainda mais notoriedade ao transitar para o pop-punk e rock alternativo, com álbuns como Tickets to My Downfall (2020). Para além da carreira musical, é conhecido pelas suas relações mediáticas e pela luta pública contra problemas de adição.
“Acordava e tomava um vicodin, era assim que começava o meu dia. Não sentia nada se não estivesse sob efeito de alguma coisa.”
“Achei que as drogas me faziam mais criativo, mas só me afastavam das pessoas e de mim próprio.”
“Megan (Fox) ajudou-me a perceber que, se não mudasse, ia perder tudo o que realmente importava.”
“Estou a tentar encontrar novas formas de lidar com a dor sem me destruir. É uma luta diária, mas vale a pena.”
Atualmente, MGK afirma estar longe das drogas pesadas, embora reconheça que a recuperação é um processo contínuo.
Mel Gibson
Mel Gibson, ator e realizador premiado, alcançou fama mundial com filmes como Braveheart, Mad Max e A Paixão de Cristo. Mas, por trás do sucesso de Hollywood, viveu durante décadas uma batalha profunda contra o álcool, marcada por episódios públicos de agressividade, problemas legais e afastamento da indústria cinematográfica.
Durante anos, negou o problema e tentou esconder os excessos, mas acabou por atingir um ponto de rutura. Foi preso por conduzir sob o efeito de álcool e fez várias declarações polémicas sob influência, o que o levou a ser cancelado e afastado por estúdios e colegas.
Mel reconheceu publicamente a sua luta e procurou ajuda em programas de recuperação, tendo assumido o compromisso com a sobriedade
“Estava a destruir tudo à minha volta e nem me apercebia.”
“A minha mente dizia que eu tinha controlo — mas o meu comportamento provava o contrário.”
“A sobriedade não conserta tudo de um dia para o outro. Mas dá-te uma oportunidade. E eu agarrei-a com as duas mãos.”
Hoje, continua ativo no cinema, recuperou parte da sua reputação e fala com humildade sobre o processo de reerguer-se depois de tocar no fundo.
Steve O
Steve-O, nome artístico de Stephen Gilchrist Glover, é um ator, comediante e dublê norte-americano, famoso pelos seus atos extremos e perigosos no programa e nos filmes Jackass. Ganhou notoriedade mundial no início dos anos 2000, mas, paralelamente ao sucesso, viveu uma fase de profunda adição ao álcool, cocaína, ketamina e outras drogas, o que quase o levou à morte.
Após ser internado à força em 2008, iniciou um processo de recuperação e está sóbrio desde 2008, tornando-se um defensor da sobriedade e da saúde mental.
A certa altura, eu já não consumia drogas para ficar bem — eu consumia para não morrer de abstinência.”
“Acordava a pensar: como é que vou sobreviver a mais um dia disto?”
“Estava convencido de que a minha vida só fazia sentido se estivesse sob o efeito de alguma coisa. Era uma mentira que me custou anos da minha vida.”
“A sobriedade deu-me tudo o que as drogas prometeram e nunca entregaram.”
Ben Affleck
Ben Affleck é um premiado ator, realizador e argumentista norte-americano, conhecido tanto pelos seus sucessos no cinema (Argo, Good Will Hunting, Batman v Superman) como pelas suas lutas públicas contra a adição ao álcool.
Começou a lutar contra o vício ainda jovem, tendo procurado tratamento pela primeira vez em 2001.
Teve várias recaídas ao longo dos anos, mesmo durante fases de grande sucesso profissional
Em 2018, fez um internamento prolongado e, desde então, fala abertamente sobre o seu processo de recuperação.
David Bowie
David Bowie teve uma relação intensa e destrutiva com as drogas durante a década de 1970, especialmente no auge da sua fase artística mais experimental, quando assumiu as personas de Ziggy Stardust e Thin White Duke.
“Aquela fase foi uma verdadeira descida ao inferno. Eu estava a matar-me e nem me apercebia.”
“A cocaína deu-me uma falsa sensação de invencibilidade, mas no fundo estava mais perdido do que nunca.”
“Passei dias inteiros a consumir, sem dormir, obcecado com pensamentos paranoicos e ideias que não faziam sentido algum.”
“Se tivesse continuado, não estaria aqui para contar a história.”
Matthew Perry
Eternamente recordado como Chandler Bing na série Friends, viveu durante anos uma luta silenciosa e devastadora contra a adição a analgésicos, álcool e benzodiazepinas. Apesar do enorme sucesso na televisão, passava os dias a esconder o sofrimento, muitas vezes a gravar episódios sem sequer se lembrar.
Ao longo da vida, foi internado mais de 60 vezes e submetido a 14 cirurgias. O vício começou com analgésicos receitados após um acidente de jet ski — e rapidamente evoluiu para um ciclo de dependência, vergonha e tentativas falhadas de recuperação.
“Pude comprar tudo. Mas a única coisa que queria era estar bem. E isso não se compra.”
“Conseguia estar em milhões de televisores e, ao mesmo tempo, a sentir-me completamente sozinho.”
“A minha maior esperança é que as pessoas vejam a minha história e percebam que nunca é tarde para pedir ajuda.”
Nos últimos anos de vida, Matthew dedicou-se a ajudar outros em recuperação, chegando a abrir uma casa de sobriedade e a escrever o livro Friends, Lovers and the Big Terrible Thing, onde expôs com honestidade brutal o seu percurso.
Faleceu em 2023, sóbrio, e deixou como legado uma mensagem clara: a recuperação é possível — e vale a pena.
Auto Teste Para a Adição à Cocaína
É uma experiência colectiva dos membros de Cocaína Anónimos que a adição não é um problema limitado à cocaína ou a outras substâncias alteradoras da mente.
Com base neste facto, sugerimos que respondas às seguintes questões:
1. Já consumiste mais cocaína, álcool ou outras drogas do que inicialmente planeaste?
2. O uso de cocaína, álcool ou outras drogas alguma vez interferiu com o teu trabalho?
3. O teu consumo de cocaína, álcool ou outras drogas está a interferir nos teus relacionamentos?
4. Já te sentiste deprimido, culpado ou com remorsos depois de consumires cocaína, álcool ou outras drogas?
5. Consomes toda a cocaína, álcool ou outras drogas sem parar até que se acabe toda a substância?
6. Alguma vez experienciaste problemas físicos devido ao uso de cocaína, álcool ou outras drogas?
7. Já desejaste nunca ter consumido cocaína, álcool ou outras drogas pela primeira vez?
8. Já alguma vez ficaste obcecado pela cocaína, álcool ou outras drogas quando ficaste sem essa substância?
9. Estás a passar por dificuldades financeiras devido ao teu consumo de cocaína, álcool ou outras drogas?
10. Tens um alto nível de antecipação quando estás prestes a usar cocaína, álcool ou outras drogas?
11. Tens dificuldade a dormir sem álcool ou outras drogas?
12. Mesmo na companhia de amigos ou pessoas que te são queridas ficas obcecado com a ideia de ir consumir cocaína, álcool ou outras drogas ?
13. Aumentas as doses de consumo de drogas e bebidas alcoólicas para voltares a sentir o mesmo efeito que uma vez já sentiste?
14. Aumentas as doses de consumo de cocaína, álcool e outras drogas para voltares a sentir o mesmo efeito que uma vez já sentiste?
15. Já tentaste parar de usar cocaína, álcool e outras drogasou reduzir a quantidade sem ter êxito?
16. Os teus amigos ou familiares já te tentaram dizer que tens um problema com a cocaína, álcool e outras drogas?
17. Já mentiste a alguém sobre a quantidade de cocaína, álcool e outras drogas que consomes?
18. Já mentiste a alguém sobre a frequência que ficas pedrado ou bêbado?
19. Consomes cocaína, álcool e outras drogas no carro, trabalho, na casa de banho, aviões ou outros lugares públicos?
20. Tens medo de afectar o teu trabalho ou perderes a energia ou motivação se deixares de consumir cocaína, álcool e outras drogas?
21. Frequentas lugares ou estás com pessoas que evitarias se não fosse pela disponibilidade de cocaína, álcool e outras drogas?
22. Já roubaste drogas ou dinheiro, cocaína, álcool e outras drogas a amigos ou família?
23. O teu uso de álcool e/ou drogas fez-te perder mais do que apenas dinheiro?
Se respondeste “sim” a alguma destas perguntas, poderás ter um problema com a cocaína.
1. Existe uma resposta – vem ao sábado às reuniões de Cocaína Anónimos na Ericeira.
2.Embora o nome “Cocaína Anónimos” seja específico a uma droga, asseguramos-te que o nosso programa não o é.
3. Muitos dos nossos membros consumiram muita cocaína; outros consumiram apenas um pouco e alguns nem a consumiram.
4. Independentemente de nos focarmos numa substância alteradora da mente ou usarmos seja o que for que encontrasse-mos, temos uma coisa em comum: eventualmente todos chegamos a um ponto onde não conseguimos parar.
5. Com o passar do tempo, cada um de nós compreendemos que o nosso problema não é a cocaína ou outra droga específica; é a doença ou a adição.
6. O único requisito para ser membro é o desejo de parar de usar cocaína e todas as outras substâncias alteradoras da mente. Não nos importa se bebeste ou que tipo de droga consumiste: se quiseres parar, és bem-vindo a Cocaína Anónimos.
